Cartas Lisboetas te saúda

Bom dia, boa tarde e boa noite.
Sejam bem-vindos ao meu blog, ele foi criado partindo da ideia de uma amiga sobre a minha escrita.
Tentarei postar alguns momentos descritos por mim como uma carioca que resolveu há 9 anos viver em Lisboa.
Espero não decepciona-los, um abraço e sejam bem-vindos a minha pequena morada.
Lilia Trajano

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Quem se chamava João?

Antecipação da vida
Ou poderá ser presságios da morte ao longe? Surge o penúltimo dia do mês de Janeiro, o tempo começa a correr rapidamente, não tivemos tempo de fazer o que queríamos e lá se foi ele sem respeitar nada, morte, vida, companhia ele segue e a  gente meio que sem saber como fazer para onde ir e o que dizer. Tudo parece confuso Rita Lee é presa por desacato autoridade e quem prende a policia que bate no pobre, quem infringe a lei quando desrespeita os direitos humanos e trata pessoas como se fossem animais selvagens? Que tempo é esse que não se pode dizer o que se pensa, mas tem que se aceitar maus-tratos da policia? Pinherinho que o diga. Quem se chamava João, Henrique, Luís, Francisco e foi-se sem saber pra onde? Quem foi o pai que não educou e transformou homens fardados em violentos militares? Onde é esse país e onde fica o paraíso? É proibido fumar um baseado mas não se proibi a policia de bater em pobre, negro, desempregado? será que esse é o mundo das trevas ou estaremos mesmo a chegar no fim dos tempos ou a voltar ao Império Romano onde para se sobreviver era preciso enfrentar as jaulas dos leões? “Guerrilheiro, Forasteiro, Ôrra meu…”
Eu tô ficando velha….
Lilia Trajano 30.01.12

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O que vem a ser JUSTIÇA?

Indago a questão por que as vezes custa-me a crer que vivemos num mundo civilizado, em alguns lugares até democrático.

Começo por citar duas coisas da qual eu não aprovo e não suporto por nada deste mundo, a primeira delas é a INJUSTIÇA. Seja qual for a razão, o motivo ou os objectivos envolvidos eu não suporto a injustiça.

A segunda coisa da qual não aprovo de forma nenhuma é: INJUSTIÇA

Nessas duas semanas que seguiram, e na que estamos actualmente, ocorreu-me varias formas de verificar a falta de justiça, ou melhor dizendo, a injustiça cometida a alguém ou a varias pessoas, animais ou natureza.

Fato é que recebi a informação de que o João, mas conhecido pela alcunha de “Sapo” faleceu. E o que me chamou a atenção foi o fato dele ainda se encontrar no Instituto Medico Legal – IML, porque a família sendo muito pobre não tem condições de pagar o enterro.

Até para ser enterrado é preciso ter dinheiro, coitado daqueles que não tem e nem sequer tem amigos ou conhecidos a quem possa pedir auxilio.

Porque cito este caso como injusto? Simples, conheci o João, o “Sapo”, eu ainda era pequena, e desde que o conheço sempre o vi trabalhando, não tinha um emprego fixo, é certo, mas sempre correu atrás do seu sustento, nem que fosse um mero prato de comida. O João não tinha estudo, apesar de ter nascido no terreno que dava atrás da escola pública Paula Brito, na Favela da Rocinha. Cresci vendo o João, o “Sapo”, fazendo mil coisas para conseguir algum trocado, ora estava a trabalhar em uma obra, ora carregava lixo fora, ora carregava entulho, ora varria os becos e vielas da Rocinha, em troca de um pouco de qualquer coisa, um prato de comida quente, um pedaço de pão, ou uma moeda de 1 real.

É certo que nos últimos tempos a bebida tomou de tal maneira conta dele que ele já não dizia coisa com coisa, não sabia pra quem tinha feito o que, quem lhe devia dinheiro ou que já lhe havia  pago.

Não o culpo por agir de forma grosseira, porque ele estava doente, por que o alcoolismo é uma doença, e se não houver um tratamento serio a pessoa definha, e foi isso que aconteceu, e ele se foi.

Minha mãe que sempre lhe dava umas moedas para por o lixo fora ficou triste por saber que ele havia falecido e ela nem sequer lhe tinha pago o último saco de lixo que ele deitou fora (jogou fora) para ela.

A injustiça neste caso, na minha forma de pensar é que uma pessoa que fez tantas coisas na comunidade e ainda tinha que viver com as palavras de gozações, que muita gente fazia com ele pela aparência que ele tinha, e que por ter a aparência que tinha é que ficou conhecido como “Sapo”, olhos grandes, pés achatados e dedos largos tanto das mãos como dos pés.

Eu não acredito que numa comunidade tão grande como a Rocinha e com tantas instituições lá dentro, o “ Sapo”, ainda esteja a espera para ser enterrado. Alguns conhecidos, outros amigos em solidariedade a família do nosso amigo João, o “Sapo” resolveu utilizar os mecanismos das redes sociais para fazer alguma coisa, mas até agora, ele ainda não conseguiu ser enterrado. Será possível que no mundo em que a gente vive, é preciso ter que se humilhar até depois de morto para descansar em paz?

Eu deixo vocês aqui com estas reflexões e rezo para que o João, que tinha nome de santo: JOÃO BATISTA, o "Sapo", descanse em paz.


A segunda matéria que me tem deixado chocada e sem poder crer que é uma matéria real e que acontece no país onde eu nasci é sobre os acontecimentos na cidade de São Paulo, a falta de humanidade, a falta de pudor do Governo brasileiro e a falta de respeito da instituição, aqui neste caso menciono a policia Paulista. E o desrespeito aos direitos humanos me chocam. Que fique claro, o Governo do Estado de São Paulo é do PSDB, mas que no meu entender o Governo Federal que é PT também tem responsabilidades com o que acontece no país.

Tratar pessoas dependentes químicos como criminosos, pessoas pobres e desempregadas como delinquentes e criminosos, usar de força física, de arma químicas como, o gás de pimenta, bombas de efeito moral, não posso crer que estas cenas estejam realmente a ocorrer no Brasil.

A cidade paulista onde tem ocorrido tais barbaridades são: Cracolandia e Pinheirinho
Um país que se diz actualmente a 6ª maior economia do mundo, com um governo eleito pelo POVO de esquerda, e que vive numa democracia.

Não pode ser real, o país do Real a cometer tais barbaridades o que só tem comparação a países em guerra e com governo ditador.

Enfim, é este o país que dizem querer acabar com a fome, com a miséria e com analfabetismo, penso que a canção que o cantor e compositor Zé Ramalho fez resume com bastante clareza tudo isto: TO VENDO TUDO, Deus está vendo tudo.




Boa semana a todos.

Lilia Trajano

Lisboa, 25 de Janeiro de 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Meu encontro com Gullar

Quando cheguei a Lisboa, uma das minhas forma de combater a depressão e a solidão foi me refugiando na Biblioteca Nacional de Lisboa, entrava por volta das 8:30 da manhã e saia as 19 horas, lá passava o meu tempo a estudar e a ler tudo o que pudesse, fiquei neste ritual por dois anos, numa das manhãs em que lá me encontrava encontrei um pequeno acervo da literatura de Gullar, e lembrei do meu encontro com ele no Rio na Bienal do livro, em que fomos filmados pelas câmeras da Rede Globo para o RJTV, e desse meu encontro com Gullar eu escrevi o poema abaixo. 

Quando resolvi escrever para Gullar, não sabia ao certo onde ele morava, mas achava, como poeta que sou, que deveria ser no lugar que enviei a carta, e a abertura da carta eu dizia mais ou menos assim:

"Caro Sr. José Ribamar, se fores o meu poeta Ferreira Gullar segue o poema que fiz para lhe homenagear, se não for peço desculpas e aproveite para conhecer a minha escrita, um abraço 
Lilia Trajano."   

Este episódio ocorreu em Fevereiro de 2004 e meses depois recebi uma carta com um postal do acervo pessoal do poeta, emocionado com a minha carta, desde então escrevo sempre pra ele.
Boa leitura, boa quarta feira a todos.
Lilia Trajano


O POETA PINTA (2004)
                                                   (Homenagem ao poeta Ferreira Gullar)


Meu caro Poeta,
Vislumbro teu semblante a por os óculos, acendendo um cigarro
Enquanto teu gato passeia por sobre tua escrivaninha
Delicadamente o Poeta se move, acaricia o gato e dirige-se  para o cavalete em frente pega no pincel e imagina:


- que cores poderia utilizar para pintar a tela que encontra-se à minha frente?


Há um facho de luz reluzente que ilumina um certo canto da sala com tantos objectos a volta
O Poeta pensativo, passa por entre os lábios, o fino pincel.
Pára, reflecte, e retorna o olhar, a tela branca e como se um ser superior  ou um espírito iluminado lhe dissesse: 


- segue por aqui, mistura a tinta cor de terra com laranja transforma o nada em sentimento e o vazio em arte.


E assim surge mais um quadro do poeta.
Vem-me a memória o som da tua voz a declamar: 


‘Ernesto Che Guevara... ’

Onde está o sumo da terra? Ainda assim, vislumbro teu rosto
A fitar-me embevecido de carinho. A luz como reflector a incendiar meu olhar.
Não percebo as câmeras, os holofotes a filmar este momento magico
Interrompe-se em meu peito a palavra
Balbucio qualquer coisa, nada sai... Cora-me a face
Deixo as lágrimas caírem pelo canto dos olhos
Suavemente, meu Poeta se levanta
E de seu corpo, que a mim parece tão frágil, recebo um abraço
E o calor espalha-se por todo o meu ser
Não é sempre que podemos ter tão perto a Obra e o seu autor em comemoração dos 70 anos de existência.
Abro o livro, folheio, quero sentir o perfume na tinta da caneta no grafismo feito com ternura e o carinho de Gullar
Pode obra e poeta existir além de si mesmo?
E volto a memória aos meus 13 anos, quando ainda menina li pela primeira vez o poema sujo… e chorei...
Guardo comigo todas as recordações
‘Bela, bela, mais que bela...’
E pergunto: De que vale as recordações se ficarem guardadas
Feito gavetas arrumadas em nós mesmo?
Antes transforma-la em poesia e expo-la em praça pública
Assim fiz meu Poeta,
Fui a praça e abracei-me a poesia
E nesse momento ainda não sabia
O que era magia!
E a arte de cantar e teatralizar em poesia
Meu Poeta, sinto saudades de caminhar sob as ruas da cidade e possibilitar,
sem querer, esbarrar consigo, seu sorriso e sua voz forte a nos transmitir esperança mesmo que tardia,
eu não deixei de ter.
Mesmo tão longe desses Rios e mares,
Carrego comigo um lugar pra saudade!


Lilia Trajano


(Ps. Ferreira Gullar hoje esta com 81 anos, ganhou a edição 2010 do Prémio Luís de Camões. O prémio  literário mais importante da comunidade de Países de Língua Portuguesa, criando em conjunto pelo governo do Brasil e de Portugal, que rendeu ao escritor e poeta 100 mil euros).
(Ps2. Soube através de um de seus livros que o seu gato faleceu).

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Lisboa

Lisboa, a cidade…

Quando conheci Lisboa pela primeira vez, o que me chamou logo a atenção, ou me despertou o olhar foi saber que na capital de uma cidade europeia havia favelas. Aqui eles não chamam favela, mas bairro degradado, o que ao começar a escrever minha tese de mestrado fui logo corrigida por minha orientadora, que dizia não ser bairro degradado, mas sim, bairro com habitação degradada, no principio não percebi bem a diferença, e ela então muito amavelmente me disse: "se você chama um bairro de degradado, está a sugerir que as pessoas lá também o são, não é o caso, eles apenas vivem em condições degradas, pela pobreza, pela imigração, pelo desemprego, enfim, pelo estigmatismo que o próprio bairro em si tem, não vamos por mais este conceito, não é"

Dali por diante sempre me dirigi ao bairro como, bairro de habitação degrada.

Mas, como eu dizia, quando cheguei a Lisboa vim iludida, acreditava que tudo seria fácil, afinal já havia trabalhado por cá, já conhecia os paramentos das cidades europeias, e no entanto, me enganei.

Sofri muito, senti-me só, destas solidões que não há maneira de retractar. Vivia num apartamento sozinha na Costa da Caparica, mas a pessoa que era proprietária do apartamento não me deixava receber visitas, controlava até os meus telefonemas, me senti um pouco prisioneira. No mestrado estava a ter muitos problemas de ordem técnica, porque aqui em Portugal, quando uma pessoa dirigi uma instituição e tem um nome a zelar, quando adoece, que foi o caso da minha directora do mestrado, ela não é substituída, porque no entender deles, estariam desvalorizando o seu trabalho, e que em breve ela poderia melhorar e retornar as aulas e a direcção do Instituto Superior de Serviço Social. (Tal facto não aconteceu, pois ela meses depois veio a falecer). Claro sou brasileira, não concordava com aquilo e reclamei, porque, por este motivo acima citado, ficamos sem aulas, e com a diferença que continuávamos a pagar as propinas independentes de termos ou não aulas, reclamei e muito. Até que se fez uma reunião em que foi estabelecido que ficavam congelados as nossas propinas até retornamos as aulas.

Bem juntando ao mestrado frustrado, a traição na Costa da Caparica, o frio e a solidão, a falta de grana, minhas economias já estavam no fim. Recebi a proposta de um amigo para viver na casa deles (eram um casal de família portuguesa com duas crianças) e que viviam numa quinta (uma espécie de sitio, fazenda) com horta, plantação e pé de frutas. Aceitei e fiquei lá por um bom tempo, o menino Gabriel o filho mais novo do casal, (hoje meu afilhado), então na altura era recém nascido, funcionou para mim como uma espécie de despertar para a vida, através dele renasci e criei forças, resiliência para lutar pela vida.



Percebi que meus problemas eram pequenos diante das diversidades da vida e do mundo. Aprendi mais ainda sobre o verdadeiro sentido da palavra amizade, solidariedade e também aprendi a lidar com a terra.

Agradeci a Deus, ou para quem quer, o supremo Universo por tudo, chorei muito, emagreci demasiado, até perceber que estava emagrecendo por ter adquirido uma doença no estômago, fiz os tratamentos necessários, dieta rigorosa que até hoje tento manter, um cirurgia espiritual e continuei seguindo com fé em Deus.

Amei mais ainda e por tudo a pessoa, e não só a cantora: Maria Bethânia, porque tem sempre uma canção que nos desperta para a vida, “levanta sacode a poeira e dá a volta por cima” cantava ela sem parar, foi o que fiz e depois quando tive a oportunidade de lhe abraçar, agradeci por isso. Agradeci pela beleza e musicalidade tão brasileira do CD Brasileirinho, creio não haver nada melhor para alguém que esta longe da sua pátria do que este disco, e o show todo, como sou manteiga derretida, chorei o show inteiro. Até hoje choro quando estou perto dela.

Ela neste trabalho remete-nos a vários momentos do tempo, desde a escravidão, ao cuidado do povo indígena com a natureza, ao amor, ao encontro com a fé, a preservação pela água, um trabalho lindíssimo.

Ainda sem trabalho e só no mestrado, o qual mudei o projecto várias vezes até definir escrever sobre os jovens da Cova da Moura, o bairro de habitação degrada. Tive ajuda em muitos momentos e de várias espécie da minha irmã Moacira e meu cunhado Eduardo, além de receber cartas, telefonemas de amigas como Maria Helena, Fátima Antunes, Rosália, e de meus irmãos e irmãs e de minha mãe que ficaram no Brasil.Tudo isso me fez mais forte, e foi por isso que venci. Já lá vão nove anos desde então.

Conheci uma assistente social maravilhosa: Fátima Corte-Real, coordenadora do serviço social do Hospital, que me apoiou em várias coisas, mas a primeira medida dela foi ocupar meu tempo livre, me tirando assim de uma forte depressão, ela me fez ser voluntária no Hospital Santo António dos Capuchos em Lisboa, todos os dias da semana, foi o melhor remédio que tive, aprendi que quando a gente se dá, o mundo nos devolve, a partir daí recebi várias propostas de trabalho. Melhorei minha vida económica, actuei na minha área como assistente social e aprendi a conhecer melhor os sistemas das instituições, compreendi que muitas delas vivem da miséria para ganhar dinheiro, e poucas são as que realmente desenvolvem um trabalho sério preocupada com o bem estar do outro e não da remuneração. Hoje sei bem separar o joio do trigo, por vezes é difícil, mas com clareza dos teus ideias consegues.

Uma capital europeia não difere de uma cidade ou capital de qualquer outra parte do mundo, pois o que muda são as tuas atitudes, pois os teus valores vão contigo para onde tu fores, Lisboa me recebeu de braços abertos, foi aqui que consegui renascer das cinzas, feito uma Fénix, e percebi que o centauro que mora em mim, também é humano.

Esqueci de dizer, que eu consegui depois de todos os problemas com o Instituto Superior de Serviço Social, que foi vendido para a Fundação Minerva, na Universidade Lusíada de Lisboa, concluir o meu mestrado.

Boa terça feira a todos, a vida é feita para viver e desfrutar com carinho e atenção de “horinhas de descuido” bem o diz Bethânia.

Lilia Trajano

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Noite do amador

Coisa que acontece com poetas letrados, ou será desastrado?

O ritmo da vida prossegue e sigo eu assim meio atoa, esculpindo no chão feito leoa, uma imagem qualquer que me tira do serio ou me põe em nocaute.

O frio aperta e a conta de luz de certeza será alta, este mês vai bater o record.

Sinto sede e frio, e tasca a beber água, aquecimento queima o oxigénio do ar, fico com dor de cabeça, o frio da porra, da gota serena. Ah, Betha, venha me aquecer saúda meu coração com tua canção, e “se Deus quiser um dia eu quero ser índio, viver pelado, pintando de verde, feito um bicho preguiça, espantar turista e tomar banho de sol, banho de sol."

boa sexta feira 13 a todos, o ano começa bem sexta feira 13 e com lua cheia, só falta mesmo o banho de sol....

Lilia Trajano

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A CIDADE

“Onde será que isso começa…” de Caetano Veloso, na voz inigualável de Maria Bethânia, essa mulher tem sempre a força de me levantar.

Ouço Bethânia e tento seguir em frente, a vida continua, temos sempre dois caminhos a fazer, nascer e morrer e no meio deste caminho Deus nos permite viver. Para isso é preciso agir de forma correta, claro nem sempre se consegue, há pessoa que tropeçam no caminho.


Meu Deus como faz frio, eu como uma carioca nascida na Baía da Guanabara não me habituo a isso, estou sempre com muita roupa dentro de casa.


O trabalho que iniciei da APSS é uma transcrição do Seminário  - O Social da Saúde Mental, que aconteceu ano passado no auditório do Hospital Júlio de Matos.


É interessante ouvir o debate, porque é uma área que me desperta o interesse, mas que eu nunca trabalhei enquanto assistente social.


A morte tem esse impacto, sempre me causa desconforto, me lembra pessoas que amei, que partiram, me faz desejar o reencontro, me faz querer correr  para terminar tudo a tempo e a hora. Leio a mensagem de uma amiga e choro, talvez da solidão, talvez da saudade do tempo bom, é bois…


Aqui fico segue o vídeo de Bethãnia do disco Beira e Mar, essa gravação foi feita em Paris.


Lilia Trajano

A DOR É DE QUEM TEM!

                                        QUEM CARREGA A DOR

Hoje acordei mais cedo, uma manhã fria, um vento fino, levantei e me arrumei para ir ao velório e enterro do vizinho, Sr. Fernando, não era pessoa amável, mas era vizinho, bons ou maus temos que tratar bem as pessoas, não sabemos ao certo o que os fizeram ser amargos.

Dona Alda, a viúva, sua companheira de longa data estava inconsolável, era um casal estranho, hora estavam aos gritos, insultos e ofensas, um para com outro, ora os encontrava sentados a varanda, ela no colo dele, trocando caricias como dois jovens casais de namorados, diga-se de passagem, o que não é relevante, eles já lá iam com mais de 65 anos de idade, e por isso era de estranhar tais comportamentos ou não, gostava de apreciar o casal.

Quase ninguém compareceu ao velório ou ao enterro, como disse-me outra vizinha, ele era um homem bruto, não lhe dei ouvidos, o Sr. Fernando a mim e a Isabelle sempre nos tratou com muita educação, tinha lá suas manias era certo, mais nada que fugisse do normal.

No velório, ela muito amavelmente veio ter comigo e Isabelle para agradecer nossa presença, depois chorava, exclamava com dor:  

- Porque deixaste-me Fernando?

A dor é dela, só ela sabe o que será daqui por diante sua vida.

Os filhos dela não gostavam dele, seus parentes tão pouco.

Sr. Fernando costumava sentar-se na sua varanda, com um rádio de pilha ao ouvido, escutando músicas, as vezes cochilava e nem me via passar quando saia para trabalhar. Costumava, nos alertar sempre, para termos cuidado com um miúdo que de vez enquando vinha a nossa casa, o miúdo era de família cigana, e ele nos alertava com medo que ele roubasse coisas na nossa casa, agradecíamos a sua preocupação, afinal éramos vizinhas recém-chegadas a Vila Lopes, e não sabíamos ao certo como as coisas funcionavam ali. Lá se vão no tempo quase três anos desde que chegamos à Vila Lopes.

A Vila Lopes é uma dessas típicas vilas antigas da cidade de Lisboa, com casas baixas e pequeninas, um lugar sossegado para se viver, com uma vista agradável para o Tejo.

Sr. Fernando não era um homem de muitas palavras, para nós tinha sempre um sorriso nos lábios.

Desci com o senhorio até o cemitério do Alto São João, e assistimos a cremação e último adeus ao Sr. Fernando, descanse em paz e que Deus console o coração de Dona Alda.

Lilia Trajano

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

11 DE JANEIRO

Em busca de um dia...

Acordo, agradeço, rezo e me levanto. Peteca, a gata aqui de casa, se aconchega no meu colo, tá frio e ela não quer sair da cama, mas insisto e ela acaba por levantar.

Minha rotina diária está um pouco cansativa, é verdade mal começa o ano e já me sinto cansada dele.

Hoje é mais um 11 do mês, e até agora o mundo continua a girar. Dizem que foi demais o primeiro episódio de Dercy de verdade, estou em Lisboa e aqui não passa. Que pena gostava tanto da Dercy, como ri com ela.

Vou até a varanda para olhar o rio Tejo, continua lindo, que paisagem linda essa aqui de casa, amo, venero e sigo para tomar meu pequeno almoço (café da manhã). Torradas, café com leite de soja e uma fatia de bolo feita por mim.

Hoje vou iniciar um trabalho com a APSS – Associação de Profissional de  Serviço  Social de Portugal.

O sol brilha lá fora, mas faz frio na mesma.

Tenho desejo de ter um dia um espaço  Café Social, onde eu possa cozinhar diversos pratos diferentes e ao mesmo tempo ajudar as pessoas a terem uma alimentação mais saudável, além de poder alimentar pessoas que necessitem de um prato de comida, é um desejo, espero bem conseguir.

Resolvi fazer fuxico, desde que fui operada e tive que ficar de cama por uns meses aprendi esta arte, é uma arte engraçada, e desperta meu interesse em artesanato, adoro criar e se posso fazer coisas com material reciclado melhor ainda.

Bem hoje é o dia em que acordo com aquela vontade danada de escrever sobre qualquer coisa, e fico pasma quando leio mensagens nas redes sociais cheias de erros ortográficos, vejo erros até de pessoas que tem um curso superior, e fico mesmo pasma, porque os erros se repetem e outras pessoas curtem, copiam e ninguém aprende a escrever correctamente, aí Aurélio Buarque de Holanda, você dever estar a dar voltas na tua cova né? Enfim, amanhã esta quase a terminar, estou a espera de Isabelle para que possamos almoçar juntas.

Tem uma coisa simples que queria dizer antes o ano ter iniciado mas na correria da viagem à França acabei por esquecer, mas como diz o dito, nunca é tarde, vai agora.

O ano de 2011 teve um significado bastante gratificante para mim, descobri que meus valores éticos permanecem intactos até o dia de hoje e espero que assim seja até o fim dos meus dias, reencontrei em meado do ano, mais propriamente nas festas populares de Lisboa, Maria Inês e Celso, pessoas que não via há mais de uma  década, e fiquei a pensar se isso seria algum presságio, em que o tempo de outrora estava a voltar a encontrar de novo o fio da meada, não bastando, esse fato, depois dela recebo um email de Lygia Segala, e constato realmente estou voltando ao início. Antes do fim do ano ainda encontro pela rede virtual outras pessoas que não via há muito tempo: Marta, João Lúcio, Hebinho, e de novo me indago será que 2012 é realmente o ano?

A todos deixo aqui o meu carinho e um bom dia 11 de Janeiro.

PS. por favor me informe se eu escrever algum erro ortográfico, agradeço imenso, pode acontecer sabe.

Lilia Trajano

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

2012, Enfim ANO NOVO

NATAL E ANO NOVO EM FRANÇA

Passei as festas natalina e a chegada do novo ano em França, seguindo costumes das famílias francesas.

Foi um natal diferente mas muito divertido. No inicio senti falta do panetone de minha mãe, e das rabanadas que nem sequer gosto de comer, mas senti falta de ver a mesa arrumada com frutas, rabanadas, panetone e os bolos com frutas cristalinas tão bom que minha mãe faz.

Na casa da família francesa onde estive hospedada para passar a consoada, bebemos champagne, comemos vários tipos de canapé, os meus todos a base de le fromage (queijo), o primeiro prato uma quiche de alho francês e queijo de cabra, o segundo um prato vegetariano feito pelo irmão de minha amiga Isabelle que é Chef de cozinha francesa, tudo isso sendo acompanhado primeiro com um vinho branco e depois um saboroso vinho tinto e finalizando champagne. A sobremesa gelado e salada de frutas.

O ano novo também foi diferente, ao invés de fazer amigo oculto, eles fazem troca de presentes assim todos ganham presentes mesmo que não se conheçam, que foi o meu caso, ganhei presente de pessoas que nem conhecia, mas que acertaram em cheio naquilo que me ofereceram, éramos um grupo de 8 pessoas. 

Levei uvas verdes, porque na minha casa era uma tradição, meu pai trazia as uvas cada um de nós ficava com 12 uvas e esperávamos a  meia noite, para em 12 segundos comermos e fazermos os nossos pedidos para o novo ano. O mais difícil na Europa é encontrar nessa altura do ano uvas verdes, porque não estão na época, mas graças ao mercado chinês, que sempre tem tudo, encontrei as minhas uvas e fui assim mais tranquila para a comemoração do novo ano, era uma forma de mesmo distante de todos os meus familiares, estar perto deles.

No almoço de ano novo na casa dos pais de Isabelle, fui coroada rainha francesa, porque na tradição eles comem de sobremesa a Gallete du Roi e quem encontrar a surpresa nele escondido é coroado, o que nos dá o direito de beber mais champagne que os demais convidados, posso dizer que por um curto espaço de tempo, fui rainha, soube bem beber mais champagne que os demais.

Enfim 2012 chegou, penso que vai ser um ano proveitoso, pois no fim de 2011 reencontrei pessoas que não via há imenso tempo, então isso para mim já era um sinal que bons tempos vem por ai.


Um bom ano a todos.