Marília agora está sem Dirceu.
O Partido dos
Trabalhadores agora está com 32 anos, se contarmos o início dele à 10 de
Fevereiro de 1980, ou com 30 se nos retermos ao ano em que oficialmente ele se
torna um partido para o Tribunal Superior da Justiça Eleitoral.
Eu tinha 17 anos quando
comecei a participar do Partido dos Trabalhadores, na minha época jovem não votava,
eu era militante radical, pode-se dizer, quem viveu comigo naquela época sabe,
fui até chamada pela oposição na altura de ‘radical xiita’ e nem sequer, sabia
o que era xiita.
Acompanhei a militância em
todas as suas instâncias e sempre me posicionei contra a qualquer atitude que o
partido tomava e que eu julgava contraria a ideologia ética partidária. Fiz
essa manifestação na atura em que houve a expulsão de Luiza Erundina do Partido,
e penso que foi nesta mesma altura que faço a minha filiação oficial, queria
brigar pelo que acreditava dentro e não fora do partido.
Sou o que se pode chamar
partidária de carterinha, e mesmo hoje estando longe do meu país, nunca deixei
de acompanhar a tejetoria do Partido dos Trabalhadores, o qual deixo a militância
em 2002, ano em que deixo o Brasil.
Ainda aqui em Lisboa fiz
parte do grupo que aqui organizou o PT em Portugal. Isso para dizer, que me
sinto a vontade para expressar a minha satisfação em ver justiça sendo feita
com pessoas ligadas ao PT. Me sinto muito a vontade para poder expressar que se
somos pessoas democráticas, que acreditamos na ética, na justiça e na igualdade
de direitos, não podemos sentenciar o outro e achar que todos que estão do
nosso lado do barco são inocentes. A vida nos ensina que fazemos escolhas, que
escolhemos direcções e que muitas das vezes escolhemos o caminho errado. Isso não
nos transforma em pessoas má ou perigosa, apenas diferencia do outro, mas,
quando alguém que está no nosso barco comete um crime, temos que agir com
dignidade para entendermos, com ética e acima de tudo com respeito por tudo que
o outro fez, mas virarmos o rosto para fingir que o errado não existe, porque o
outro tem um passado de militância de esquerda, de bravas lutas numa época em
que se vivia a ditadura, é o mesmo que dizer: Basta ser ex-preso politico e ter
sido torturado que tudo que você fizer agora será perdoado. Não,
definitivamente, não concordo com isso, a Lei foi feita para todos, independente
da raça, religião, orientação sexual, estatuto social. Entretanto só vemos a
lei agir de forma dura e opressiva para o lado mais pobre, para os que nascem
em uma favela, para os que não sendo branco, são discriminados a partida por
serem negros.
Tenho orgulho desse
momento que o Brasil passa, que juízes do Supremo Tribunal tenham coragem para
acusar, processar, julgar e condenar, pessoas que antes nem sequer seriam
julgadas.
Se essas pessoas vão ser
presas, é outra historia. Mas temos que ter a hombridade de assumir que houve falhas
e graves, que houve crime, não somos menores ou piores por isso, somos
coerentes. Somos pessoas dentro da sociedade que espelhamos ao outro as nossas
atitudes, por isso temos que ver com os olhos de fora, e não com vendas nos
olhos, porque se não ensinarmos o essencial, estaremos então caindo no ridículo
de achar sempre que o outro é que está sempre errado, o outro é que tem a doença,
nós estaremos sempre certo, isso não pode ser.
Se a ética, a dignidade
e a justiça sempre foram a base do Partido dos Trabalhadores, então chegou a
hora de provar que acreditamos nesses valores e quando digo nós, digo pessoas
militantes, partidárias do PT, provar que o nosso slogan não é um discurso
vazio, mas a certeza que sabemos quando erramos, e que pelo fato de errarmos não
nos diminuem em nada, porque saberemos como poucos erguer a cabeça, e manter acesa
a chama da luz que fez brilhar a estrela solitária. Um bom dia a todos. Lilia
Trajano