O tempo…
O tempo não existia antes do próprio tempo,
foi um vazio que se foi construindo.
Segui rumo ao norte porque lá sabia,
encontraria a verdade esculpida em algum barro da terra. A verdade era obscura,
mas se revelou ouvindo Oásis de Bethânia, que coisa linda, eu não ando só.
Disseram coisas sobre a Carta de Amor, talvez por não terem compreendido a essência
da verdade ali apresentada.
O tempo chegou enfim, com sol e em alguns
lugares chuva. Deus prepara tudo por algum sentido, os humanos ficam a
espreitar tentado compreender porque Deus escreve torto em linhas certas. Eu não
compreendo nada, quero viver.
A vida surge como um dom divino, para que a
gente possa seguir a jornada nela destinada, sendo melhores do que ontem, mas
simples do que seremos amanhã.
Vivo ainda momentos de emoção, pelo carinho
de Bethânia.
Que bom existir uma Biscoito Fino para nos
presentear com qualidade. É aqui que o tempo se tornou concreto, mas não algo
absurdo, como o cimento no muro, algo palpável, simples e belo.
O tempo começou a existir, não na minha existência,
antes dela e além dela ele continuará a ser. E o nosso papel é agradecer por
esse tempo, a todo instante, a todo momento.
Seja o que for real será sempre o que sou,
transparente, mesmo que isso magoe quem passe por mim é assim meu ser. A liberdade
já nasceu comigo, e amadureceu em mim, aprendi também a compreender o outro, e
a perdoar mesmo sendo difícil porque a dor quando se instala em nós, nos
arrebenta a alma, nos faz duvidar da fé, “tenho que te engolir para te cuspir
de novo” diz Bethãnia, em sua Carta de Amor.
Enfim, prossigo, a vida continua indo, em
frente, brilhando, sendo solto como um pássaro a voar em busca de um lugar para
pousar seu ninho.
O tempo continuará a existir, após o fim do
tempo.
Eu a espera estarei de novos sons, novo
show, nova lua a brilhar na paisagem.
Lisboa, 17 de Maio de 2012
Lilia Trajano