Cartas Lisboetas te saúda

Bom dia, boa tarde e boa noite.
Sejam bem-vindos ao meu blog, ele foi criado partindo da ideia de uma amiga sobre a minha escrita.
Tentarei postar alguns momentos descritos por mim como uma carioca que resolveu há 9 anos viver em Lisboa.
Espero não decepciona-los, um abraço e sejam bem-vindos a minha pequena morada.
Lilia Trajano

sábado, 3 de dezembro de 2011

A quem cabe o benefício da dúvida?

A quem cabe o benefício da dúvida?

Nascemos pobres, negros e moradores em bairros com habitação degrada, mais comummente conhecido como: FAVELA.

Não nos é permitido decidir o que fazer até termos noções do que somos capazes de fazer, no entanto, há caminhos a seguir, mais todo caminho tem sempre vários seguimentos, por vezes pode ser uma encruzilhada, noutros, caminhos opostos. O que vale realmente é sabermos que o caminho que escolhemos decidirá com certeza a nossa trajectória na estrada da vida.

Por vezes seguimos caminhos tortuosos por imposição de um sistema que não permite que sejamos diferente, somos levado por ele como quem segue a trajectória do rio e suas fluentes.
Aguas tortuosas que se misturam com águas calmas, e que se transformam em pororocas.

Pode ser diferente um individuo que nasce em um habitat influenciado pelo crime, controlado pelo crime, agir conformidade a sua natureza sem se misturar? O que o impede de seguir uma trajectória diferente, o que o faz seguir outro destino?

Há caminhos, é certo, podemos conviver na mesma estrada com o mal, sabemos que ele existe e está ali a espreitar para que a gente tenha um pequeno deslize, um tropeço e pronto, lá está, ele dentro de nós, a nos comandar a vida. Entretanto, podemos errar, podemos nos perder na estrada, mas, há sempre a possibilidade de voltarmos atrás, encaramos de frente a verdade que nos cerca e seguirmos no caminho correto, ou seja, no caminho do bem.

O bem e o mal se misturam porque os valores que cada individuo tem dentro de si do que é o bem e o mal, pode ser diferenciado, o que para mim pode ser o bem, para o outro, pode ser o mal e o que para mim é o mal para o outro pode ser o bem. E acredito, que neste sentido é que alguns julgam certas as atitudes assistencialistas feita por traficantes, alguns por terem crescido, estudado, brincado, convivido com pessoas que se tornaram traficantes não conseguem discernir o bem do mal.

A quem cabe o benefício da dúvida, quando um individuo que não se sabe como, de repente, se torna líder de uma comunidade, consegue ele diferenciar o certo do errado?
Pode-se concordar que o tráfico de drogas é mal, mas pode-se concordar em aproveitar os benefícios sociais, culturais e desportivos financiados pelo mesmo supra citado, tráfico de drogas, é bom? Incoerência, nubilidade, inocência? A quem cabe julgar?

O passado é feito de erros, mas são esses erros que escrevem a história para que no futuro eles não se repitam. Quem pode ser exemplo do bem, de justiça, honestidade sem dúvidas do contrário, que atire a primeira pedra. Será que somos todos inocentes sem erros que tenhamos cometido no passado? Se assim for então peço desculpas por minha incoerência, mas não consigo ver situações serem tratadas com um único olhar, é para que fique claro, todo mundo é inocente ate que se prove o contrário.

Lilia Trajano – Lisboa, 2 de Dezembro de 2011

Nenhum comentário: