Cartas Lisboetas te saúda

Bom dia, boa tarde e boa noite.
Sejam bem-vindos ao meu blog, ele foi criado partindo da ideia de uma amiga sobre a minha escrita.
Tentarei postar alguns momentos descritos por mim como uma carioca que resolveu há 9 anos viver em Lisboa.
Espero não decepciona-los, um abraço e sejam bem-vindos a minha pequena morada.
Lilia Trajano

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

“…A luz que sobra da pessoa…”

“…A luz que sobra da pessoa…” (Saudade – CD Tua – Maria Bethânia)
Em 47 anos de vida não mastiguei direito, bebi muito e me enchi de defeitos.
Hoje enxergo melhor de óculos.
Carrego comigo eu mesma, assim meio quase indo sem querer por algum lado
Respiro, afago, somo, multiplico e as vezes: imploro
Corro num caminho cinzento, azul-turquesa e amarelo como o brilho do sol
Sinto a idade chegar, mas não desanimo, continuo a amar.
Ganho nova nacionalidade sem perder a minha brasilidade, sigo, prossigo e rezo
Rezo e peço perdão por todos os erros cometidos, confesso foram muitos!
Caminho pelas ruas de Lisboa, vagueio, espero, procuro, encontro e me perco.
Me perco de mim, saiu por ai, sem fim, sem sim, sem não, sem por que.
As vezes desanimo, noutras não quero viver, depois retorno a viver, tenho saudades de tudo que não vivi e falta daquilo que vivi, mas renasço em mim a toda hora, feito uma Fénix.
Permaneço como nunca a ouvir Bethânia, a sentir seu ar e respirar por saber que ela existe, agradecendo a todo instante ao senhor Deus do Universo, obrigada por me permitir viver neste tempo.
Sigo em silêncio, a taquicardia a aumentar, glândulas a mais no seio esquerdo, vou e permaneço sem medo! Da vida só levamos a essência, aprimoro, cuido e tento melhorar, a dor esqueço, faz parte do meu desassossego.
Leio livros e mais livros, quero gastar meus últimos momentos a ler.
Me decepciono com pessoas e decepciono pessoas. A vida é assim, não há nada a fazer.
Exames feitos, confesso tive medo de receber os resultados das biopsias, medo de saber o que dentro de mim já era verdade. Que bom células normais e benignas
Medo e silêncio, repouso meu tempo no tempo e rezo, rezo e novamente e sempre e toda a hora, agradeço, mas um segundo, mas um minuto, mais uma hora, mas um dia outro dia, outra semana, outro mês, outro ano. 
Corro o tempo não espera e meu tempo é curto.
Eu que ainda não fui, mas sei, que sim em breve, um dia irei! Sinto em mim, como o rio que segue a correnteza, sinto que o tempo se aproxima, vou, feliz por tudo que consegui realizar até aqui, insatisfeita talvez por não realizar tudo que queria, mas o tempo é este, amigo e amigo. Por isso sigo, em silencio com a certeza, de que tudo tem sua hora, sua verdade, seu momento.
Obrigada!
2011 está indo embora, levando com ele nossos momentos bons, outros menos bons, que 2012 venha com tudo, com força, com mais beleza e encanto.

Lilia Trajano16 de Dezembro de 2011

Ps. Nem sonhava um dia chegar tão longe e já vivo no século XXI.

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